quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Dois Dedos, de Pedro Pennycook

Autor: Pedro Pennycook
Editora: Autografia
Ano: 2017 
Paginas: 135

Sinopse: "Dois Dedos é a prova que podemos nos aconchegar nas coisas ruins da vida. O livro é a continuação do seu primeiro exemplar “(DES)AMOR’’ publicado em 2017 pela editora Autografia na qual o autor relata o antes e pós relacionamento com uma antiga namorada. Nesta edição titulada “Dois dedos’, composto por poesias, o livro é para os desesperançosos, mas que acham um conforto com a derrota. Seguindo, de acordo com o autor “uma catarse da destruição”. O livro mostra as paixões que o autor deixou para trás (sua cidade, seu amor) como forma de apagar as memórias, mas isso não o impediu de deixar de amar aquela garota, mas ele começa a entender que em certas situações, precisamos deixar ir e nos fixar em outro lugar, em outro alguém. Com influencias da sua família britânica, o autor acaba trazendo muitas expressões anglo-saxônicas e gaúchas, arriscando a usar vozes de outros estados e até mesmo de outros países para sair da dicotomia pernambucana."

Sobre o autor: "Pedro Pennycook, recifense tomador de chimarrão com sobrenome escocês, não poderia escrever como eu e você. Ele não escreve para agradar ninguém: texto denso, sem concessões, profundo, de um estilo marcante e prazerosamente único. Mesmo jovem, Pedro fala com uma complexidade de conceitos, complexidade de enquadramentos que parecem as memórias suadas da experiência, mas cercadas por uma modernidade que é pura elegância. Pedro não toca, arrebata. Pedro não escreve, traduz o sentimento que não sabemos que temos, mas numa linguagem riquíssima que nos presenteia suas entranhas em pacotes de puro amor. Sua doação é radical e isso nos salvará, nos dará de volta a vida. Ou pelo menos nos dará de volta o prazer de viver e sentir como poucos conseguem traduzir com tamanha beleza." — Fabiano Costa 

Dois Dedos, segundo livro de poemas do autor Pedro Pennycook, que será lançado pela editora Autografia(Link da pré-venda aqui), nos mostra a cada página que as coisas que julgamos ruins em nossas vidas, muitas vezes podem nos dar paz e trazer aconchego ao coração. Esse livro é para os desiludidos, para possam passar a enxergar o lado bom de cada fase ruim de suas vidas, seja ela amorosa, em relação a família, a cidade em que vivemos ou até a seu time de futebol. 

Nesse livro o autor traz muitas influências de sua família e usa muitas línguas e gírias de diferentes lugares, o que dá um toque pessoal a cada poema. 

Eu me identifiquei bastante com boa parte dos textos encontrados no decorrer da leitura, principalmente com os que fazem referência ao Recife, cidade natal do autor e da qual sou vizinha. A escrita dele é crua, fala de amor e de dor da mesma forma, direta e sem romantização de absolutamente nada; seus poemas ora curtos, ora bastante extensos são muito envolventes, seu estilo de narrativa arrebata do início ao fim. Seus textos traduzem os sentimentos que muitas vezes nem nos damos conta que temos. 

Enfim, foi uma experiência bastante prazerosa fazer essa leitura e espero poder ler mais coisas do autor em breve. Abaixo deixarei um dos poemas encontrados no livro:

Pintura, 

fala muda, baixinho. 
só cá pra mim. fala. 
decora todos os meus retoques, 
re-decora todo o meu corpo, 
pinta-me todas as paredes, 
deixa tudo a teu gosto até o meu perecer. 
até o fim do viver. 
quando explode-se não o mundo, 
pois que é mundo perto de ser? 
quem vê pra crer, na existência? 
basta-me existir, basta-me estar cá — para ti. 
basta-me re-decorar-te e ter-lhe sempre pintada em meu porvir.